Há certas horas, em que não precisamos de um
amor, não precisamos da paixão desmedida, que não queremos só beijo na
boca. Há certas horas que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado
ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado, sem nada dizer. Há certas
horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma
presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer
sorrir, alguém que dá risada de nossas piadas sem graça, que ache
nossas tristezas as maiores do mundo, que nos teça elogios, e que,
apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável, que nos mande calar a boca ou que evite um gesto
impensado.
Alguém que nos possa dizer: "Acho que você está errado, mas estou do seu lado."
Ou alguém que apenas diga: Sou seu amor, e estou aqui.
Quando
fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último
recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o
amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será
desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não
fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas
nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais,
nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos
pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade
mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a
quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito,
quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos
um só caminho... o de mais nada fazer.
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