Não deve haver rancor, onde já se teve amor.

terça-feira, 13 de setembro de 2011


“Acho tão bonito quando você sorri desse jeito.” Ele elogiou, segurando-a ainda pela cintura, com as mãos firmes, e ajudando-a a passar pelos degraus, mesmo com as pernas e os pés machucados. “Acho tuas mãos tão firmes, e o teu jeito de me segurar como se eu fosse o teu mundo particular tão delicioso.” Ela sussurrou mais para si mesma do que para ele. Mas, de ouvidos atentos, ele ouviu. Ouviu, e deixou que um sorriso convencido tomasse os lábios. Sabiamente, deixou-a parada no canto da escada, enquanto beijava-lhe o pescoço e a presenteava com mordidas que iam, aos pouquinhos, tirando-lhe o fôlego. “Você me deixa tão quente. Quase febril.” Ele brincou, enquanto mantinha-a flutuando em pensamento, abocanhando aos poucos aquela boca tão frágil, que, entreaberta, implorava pela dele. “Eu acho até que amo você. Embora dizer isso seja um pouco engraçado.” Ela brincou, de olhos fechados, sentindo aquela boca ágil que explorava cada parte daquele pescoço, daquela boca, e lentamente roçava seu rosto. “Já eu, tenho certeza.” Ele brincou. “Certeza de que me ama?” “Não, não seja tão convencida. Tenho certeza apenas de que você é louca por mim, sabe? Completa e deliciosamente louca.” Ela nada disse, ainda perplexa com tudo que ele era capaz de lhe despertar. Ainda mancando, conseguiu se afastar um pouco, magoada. Os olhos eram nublados e uma forte tempestade se anunciava por detrás daquelas nuvens da cor do céu mais azul que ele já notara. Pequenas gotículas de chuva já lhe escapavam e caiam pela terra - terra que era o seu rosto. Ele sentiu o coração se apertar de dor, por vê-la sofrer, e sem querer sofreu junto com ela. “Eu só estava brincando, minha flor do campo.” “Não… Não é por isso que choro.” Fungou, sentindo as mãos trêmulas. Ele tomou-lhe uma delas e beijou-lhe dedo por dedo, cantando baixinho em um de seus ouvidos. “Ah… Então por que choras?” “Porque… bom, me sinto tão frágil quando você está por perto. É como se você tivesse mesmo uma parte de mim. Isso me traz certa angústia. Certa grande angústia, digamos assim.” “Ah. Gosto de te ter assim, frágil, em meu colo.” Ele sorriu, pegando-lhe mais uma vez pela cintura e ajudando-lhe a subir mais e mais alguns degraus. “Eu… eu amo você assim, frágil dessa forma.” “E é justamente isso que me atormenta, e ao mesmo tempo me delicia.” Ela justificou. “Então espero que permaneça atormentada e perplexa por muito, muito tempo, pois pretendo lhe amar para sempre. Para todo, todo o sempre.”

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